segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quando o estranho não é tão estranho assim

A realidade do irreal em Fora do lugar de Rodrigo Rosp


Desde a ótima capa – mais uma bela realização de Samir Machado de Machado, que vem fazendo grandes trabalhos, como a capa de Raiva nos raios de sol, de Fernando Mantelli – Fora do lugar (Não editora, 2009), segundo livro de contos do carioca “naturalizado gaúcho” Rodrigo Rosp, já começa, de alguma maneira, a anunciar o tom de sua narrativa.
Um sofá no meio da estrada. É estranho? Sim. Mas existem sofás e existem estradas. E se um sofá está no meio de uma estrada, isso aconteceu por algum motivo. Há uma história por trás desse deslocamento. E é justamente esse tipo de história, a trama que, escondida, motiva a inadequação, que Rosp se propõe a contar.
O conto homônimo ao livro é um bom exemplo de como funciona essa dinâmica do insólito possível. Tropeçar em uma chinchila dentro de casa, guardar porta-retratos dentro da geladeira, ter torradeiras e geléia na estante, cachecóis no lustre, ver livros de auto-ajuda que pretendem cometer suicídio... todos esse elementos parecem bastante estranhos e fora da realidade. E são. No entanto, é na resolução do conto que se encontra a chave dessa inadequação, afinal, quem nunca sentiu o mundo sair dos eixos e se tornar um lugar sem lógica depois de ser abandonado por um grande amor?
Do mesmo modo que não é tão esquisita assim a tentativa de negação da passagem do tempo empreendida pelo protagonista de "Funeral dos relógios” pois, se a execução é peculiar, a motivação é bastante conhecida. O caos, portanto, não deixa de ser ao mesmo tempo estranho e, de alguma maneira, familiar. Impossível não se lembrar de Sigmund Freud e seu conceito de unheimlich. Resumidamente: de acordo com Freud, o unheimlich (traduzido para o português como o “estranho familiar” ou, simplesmente, o “estranho”) é algo que estava oculto, recalcado, mas de repente vem à tona, trazendo consigo, além do estranhamento, uma sensação de familiaridade. E é mais ou menos isso que ocorre em alguns dos contos de Rodrigo Rosp.
Merecem destaque também os contos que de algum modo versam sobre a própria literatura, como “Maldito”, que subverte a ideia de sucesso e fracasso da sociedade de consumo, e “Ideia ideal”, uma narrativa sobre como as grandes ideias podem ser pequenas e vice-versa. A tensão também é muito bem conduzida por Rosp, como comprovado em “O carrasco” e “Linguista”. Desse último, destaque para o trecho inicial, que se mostrará irônico e surpreendente diante da revelação final da narrativa:

Escrevo, pois é o que me resta. Apenas isso importa dizer agora; vou ser direto e contar de uma vez a história da mulher que mudou minha vida.
Eu a conheci em um sarau. Quando pus os olhos nos dela vi mais que costumava ver. Usei a fala e a interpelei. Disse-me que estudava língua mortas, em especial o latim – éramos da mesma área.

“Agora, a dor se foi”, conto que encerra o livro, é especialmente interessante. Não apenas pela narrativa na falsa segunda pessoa, mas também pela brincadeira com o intertexto acadêmico embutido na trama. Para não revelar o enredo, por hora basta dizer que Roland Barthes, caso lesse o texto, provavelmente esboçaria um sorriso no final.
A ficção de Rodrigo Rosp é, portanto, mais do que apenas fantástica ou insólita. O nonsense aparece como símbolo da subversão dos elementos, que se encontram deslocados e em tensão. Ao fim da leitura, além da constatação de que Rosp é um ótimo contista, fica também a sensação de que nada é mais absurdo do que a própria realidade.

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Rodrigo Rosp é autor de A virgem que não conhecia Picasso (Não Editora, 2007). Fora do lugar é seu segundo livro de contos.

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Fora do lugar
Rodrigo Rosp
80 páginas
Preço: R$ 16,00

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cobertura do "Eco - Performances Poéticas"

Desde junho de 2008, na primeira quinta-feira do mês, acontece em Juiz de Fora o Eco - Performances Poéticas. A cada edição o evento leva aos palcos do Mezcla um elenco diferente de poetas convidados para ler textos autorais. Depois da leitura dos convidados, o microfone aberto dá também ao público espaço para ler seus textos.
A equipe original, formada por Anderson Pires e André Capilé, passou a contar também com Pedro Paiva logo nas primeiras edições e, mais tarde, com Tiago Rattes. Atualmente os organizadores do Caderno Encontrare, José Alexandre Abramo e Luiz Fernando "Mirabel" Priamo, e as editoras do Geleia Geral #001, Larissa Andrioli, Laura Assis e Pamella Oliveira também fazem parte da equipe do Eco.
A primeira edição de 2010 aconteceu no dia 6 de maio às 20 horas, no Espaço Mezcla (Rua Benjamin Constant, 720. Centro – Juiz de Fora, MG).

Casa cheia.


Fred Spada, primeiro poeta do elenco de convidados.


Lucas Soares, segundo convidado: leu músicas e cantou poesias.



Diegho Vital - mais conhecido como Salles - durante sua leitura.


Raphaela Ramos: não só atriz.


Alguns dos nomes inscritos para o microfone aberto


Mirabel apresentou o microfone aberto nesta edição


Fotos: Thais Thomaz

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Comunidade do Eco no orkut

Mini-doc sobre o Eco

Eco no twitter

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terça-feira, 4 de maio de 2010

Eco - Performances Poéticas


Em maio de 2010 o
Eco - Performances Poéticas estará de volta.

A primeira edição do ano será no dia
06 de maio, quinta-feira, às 20 horas, no Espaço Mezcla
(Rua Benjamin Constant, 720. Centro – Juiz de Fora, MG)
ENTRADA FRANCA

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No elenco:

Fred Spada

Diegho Vital

Lucas Soares

Raphaela Ramos

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E após o intervalo tem Microfone Aberto.

Leve seus textos ou poemas de seu escritor preferido!

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Mini-documentário sobre o Eco

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