domingo, 19 de julho de 2009

Férias?

Férias de alunos de Letras normalmente são compostas de livros (além de outras coisas que não precisam ser mencionadas). Então, três membros da equipe se dispuseram a traçar e compartilhar seu "plano de férias".

Larissa Andrioli - Nem tudo são espinhos. Depois de 4 meses de noites mal dormidas, Homero e Saussure, as férias chegaram. E nas últimas semanas de aula foram se acumulando no meu quarto livros que eu pretendia ler nesse hiato. Alguns da Biblioteca, outros do Gilvan (valeu, Gilvan!), outros meus mesmo. Uma coisa que sempre me preocupou foi nunca ter lido Shakespeare; então, coloquei Hamlet ali, mas nem abri ainda. Na mesma situação se encontram Noites brancas, O Amor nos tempos do cólera, Laranja mecânica e Admirável mundo novo. Consegui me entregar um pouco ao Sérgio Sant'Anna e li O sobrevivente, que achei muito interessante, principalmente o conto "Frederico"; resta na lista O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro. Não avancei muito em Crime e castigo, apesar de estar gostando bastante. Culpa de José Saramago, que em A caverna conseguiu superar todas as minhas expectativas, e em Manual de pintura e caligrafia me deu uma surra (seu A paixão segundo G.H.). Continuo na minha saga para ler a obra completa dele, e os próximos da lista são O ano da morte de Ricardo Reis e Levantado do chão, que acabei de começar. Resolvi conhecer Lobo Antunes. Peguei O Esplendor de Portugal e me assustei um pouco com sua pontuação incomum (mais ainda que a do Saramago) e com sua narrativa, mas peguei o ritmo e estou achando bem interessante. Minha aposta pra esse resto de férias, agora ocupado também por Friedrich e outros teóricos, fica nisso: avançar na saga saramagueana, bem como na dostoievskiana e conhecer, finalmente, Agualusa em Um estranho em Goa. Darei conta? Não creio, mas vou tentar.

Laura Assis - Na verdade, meu plano de férias inexiste, simplesmente porque não tenho férias. Ok, não tenho aulas esse mês, mas os trabalhos do mestrado têm que ser entregues na segunda semana de agosto, então subentende-se que a única finalidade das férias é fazer os trabalhos. Mas como sou desobediente, resolvi me dar uns dias de férias assim mesmo e fui para FLIP. E, como vocês vão perceber, todas as minhas leituras mais recentes estão diretamente ligadas a essa viagem.
Já terminei o período lendo O filho eterno, do Cristovão Tezza, um dos melhores livros que li nos últimos tempos. Me surpreendi principalmente com as escolhas estéticas do autor. Dentro do tema sobre o qual ele se propôs a escrever, a opção por valorizar mais a ação psicológica do que os fatos em si foi muito acertada. Já com O sol se põe em São Paulo, foi bem diferente. Há tempos me sinto em dívida com Bernardo Carvalho, nunca havia lido nada dele. No entanto, confesso que fiquei bem decepcionada com esse livro. Estória boba e mal amarrada, parece que o autor começou a escrever planejando um grande livro, mas se perdeu e escreveu a metade final de qualquer jeito. De qualquer maneira, darei a Bernardo uma segunda chance. Retomo amanhã a leitura de O filho da mãe. Falando em amanhã, lembrei que hoje terminei Dois irmãos, bom livro do Milton Hatoum. Falta alguma coisa ali e eu não sei dizer exatamente o que é. A leitura é sim agradável, mas tem algo de anacrônico naquela trama, naquele modo de narrar.
Outro livro que tenho lido, é Rilke shake, livro de estréia de Angélica Freitas. Poesia nova, bem humorada, quase subversiva, como nos versos do poema “Estatuto do desmallarmento”, um dos meus preferidos: “minha senhora, tem um mallarmé em casa? / você sabe quantas pessoas morrem por ano / em acidentes com o mallarmé?”
E ainda antes do fim das “férias”, pretendo ler L’Invité Mystère, do Grégoire Boullier. Provavelmente não vai dar tempo, mas não custa tentar. Ah, e tem também Leite derramado do Chico Buarque, que preciso reler. Mas aí nesse caso é só trabalho mesmo. E que trabalho...

Pamella Oliveira - Eu comecei a fazer um plano de férias já no início do ano quando percebi que não teria muito tempo durante o mesmo. Então, comecei por alguns que julgava mais importante, mas que acabaram sendo eliminados mais tarde. No fim das contas, quando me vi tendo que pegar os livros que me interessavam realmente e que eu pudesse ler no meu, relativamente, curto período de férias, a lista ainda era enorme! Por uma sorte do destino, achei os mais difíceis que eram os livros do Chico Buarque: Estorvo, Leite derramado e Benjamin, e, acredito que eu não precise ter um porquê pra ler Chico Buarque. Também listei um que me deixava curiosa por ter sido um dos principais livros da geração Beat, coisa que me interessa muito, que é o On the road do Jack Kerouac, que eu achava que seria difícil de achar, e não foi. Ainda bem. Mas, em compensação, um que muito me interessava mas era impossível-de-encontrar-em-uma-biblioteca-pública: Pergunte ao pó, aquele mesmo que Bukowski chamou de "ouro no lixo" quando o encontrou, o motivo desse livro é que John Fante é uma pessoa que me chama atenção. O evangelho segundo Jesus Cristo do cara que nos inspirou nesse post: José Saramago, porque eu ouvi dizer uma vez que, depois desse livro, alguém que já tinha uma espécie de fé duvidosa deixaria de ter e mudaria completamente para o lado dos ateus, quis experimentar. Também acredito que uma pessoa que não pode morrer sem ler Jorge Luis Borges, então peguei O elogio da sombra que muito me encheu os olhos. Até aqui não tinha nada que eu já conhecesse a fundo, então eu peguei Doze contos peregrinos do meu sempre querido Gabriel García Márquez, porque era um dos famosos dele e que constavam na minha lista de ausência ainda, e se eu não lesse nada dele me sentiria incompleta. Fiquei frustrada por não achar Onde andará Dulce Veiga? do ilustre Caio Fernando Abreu que tem até versão cinematográfica, porém também muito difícil de encontrar, e é um da minha lista de férias que eu não vou conseguir ler. E, por último, (a citar, uma vez que a lista é bem maior) Romance negro e outras histórias do Rubem Fonseca, porque tenho boas lembranças dele, e lembranças são sempre ótimas referências.

9 comentários:

  1. "outras coisas que não precisam ser mencionadas"

    morri lol

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  2. de fato não precisam, Laura. nunca divulgarei o resto das minhas férias. lol

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  3. eu tenho o pergunte ao pó, a tradução do leminsky... mas não empresto, pq sou bem babaca.

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  4. "outras coisas que não precisam ser mencionadas"
    (Isso provoca a curiosidade rsss)

    Me pego novamente um pouco distante dos livros, isso não é bom, eu sei...=/

    Preciso fazer que nem antes, ficar horas nos sebos a procura de vários livros e de lá sair com uma lista dos que pretendo ler.

    De Chico Buarque li apenas Opera do Malandro. =/

    Mas excelente leitura a vcs todos ^^

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  5. Aqui a cada aula é uma lista, ushsuhsuhs! Eu adorei o texto, meninas. O Saramago ficaria orgulhoso da gente, hein? ushsuhushsus.

    :*

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  6. eu tenho o pergunte ao pó [2] mas eu empresto, pq eu sou legal lol

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  7. a pamella tem pergunte ao pó e me empresta pq eu emprestei meus saramagos pra ela lol
    Saramago ficaria orgulhoso [2] digo pra ele em outubro ^^
    leminsky (L)
    não li metade dos livros do meu plano :/ mas estou devorando levantado do chão *____* zé(L)

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  8. Eu tentei responder que tenho "Pergunte ao pó", mas não consegui, uyshushushsus. Eu também não li metade do meu programa dae férias, estou relaxada por ter Fante ali pra ler quando eu quiser. Queria fazer isso com o "Leite Derramado" também. Será que o Juvan dá falta dele? :x

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  9. Ai ai...eu vou roubar os livros de vocês, quando eu morar em JF hahah

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